No último post o Perfil trouxe uma breve explicação e contextualização sobre o IGF (Internet Governance Fórum). Mas como foi dito, assunto interessa aos jovens, e achamos interessante publicar uma breve entrevista com uma amiga que esteve presente no Rio para participar do evento.
Mariana Assis, tem 23 anos, é formada em sistemas de informação e desde então trabalha na área da Informática.
Perfil: Como foi a sua experiência no IGF?
A iniciativa da ONU de promover um espaço de discussão “multistakeholder”, ou seja, onde todas as partes interessadas -governo, setor privado, terceiro setor e sociedade civil – estão representadas é muito válida. A Internet, definitivamente, mudou o modo de fazer as coisas e a velocidade com que elas acontecem. Fiquei muito entusiasmada com a experiência do IGF.
Perfil: Concorda que houve muito blá blá blá e poucas conclusões/atitudes?
Desde a abertura do evento, foi evidenciado que o objetivo imediato do fórum não era trabalhar concretamente em cada um dos pontos, mas sim promover a
discussão e fomentação de novas idéias e intercâmbio de opiniões. Numa conversa com Valerie Da costa, do Banco Mundial, ela me disse que o mais importante naqueles dias era fazer contatos, conhecer pessoas, pensar em estratégias de trabalho em conjunto com as associações ali presentes. Então, as atitudes e conclusões do IGF não são oficiais. Elas
acontecem nos corredores, entre um coffee break e outro.
Perfil: Acredita que o IGF pode contribuir para uma Icann mais independente? Vê alguma solução?
O nascimento da ICANN foi um ciclo natural do crescimento e
amadurecimento da internet. É natural que seja um órgão americano, já que a própria internet nasceu em território americano. Mesmo assim a ICANN tem, por exemplo, um espaço aberto para pessoas que queiram colaborar com os seus projetos.
Não acredito que o IGF consiga fazer com que a ICANN se torne mais
neutra, mas discutir o seu domínio já é importante.
Acredito que a melhor solução que se pode encontrar é uma gestão multistakeholder, ou seja, a abertura da ICANN para a entrada de representantes da sociedade civil, do governo e do setor privado no seu conselho. Desta maneira, questões como multilinguismo, acesso e diversidade seriam melhor aprofundadas por contar com visões menos viciadas do que a visão americana do mundo.
Perfil: O que pensa ser mais importante hoje: discutir o desenvolvimento tecnológico da rede ou seus efeitos sociais?
Acredito que os dois assuntos devem ser desenvolvidos em paralelo já que para uma maior inclusão digital é necessário desenvolver tecnologias mais econômicas e alternativas. E só a partir de experiências de inclusão de comunidades na sociedade da informação torna-se possível o estudos dos seus efeitos e resultados na vida das pessoas envolvidas, na economia local e etc.
É importante discutir, por exemplo, como incluir comunidades rurais na rede. Mas para a implementação de um projeto deste tipo é necessário desenvolver tecnologias que sejam eficientes em locais de difícil acesso, onde não há energia elétrica e etc. Portanto é algo que deve ser sempre levado em contemporâneo: desenvolvimento de novas tecnologias e discussões de como toda a tecnologia desenvolvida pode ajudar as pessoas, pode ser um auxilio para o desenvolvimento cultural e humano de uma comunidade.